Saiba como o Desenho Animado começou no Brasil:

Bem vindu!
Aqui você fica sabendo como é feito um desenho animado tradicional (2D), suas etapas e sua evolução. Algumas biografias resumidas do pessoal da
animação. Aqui tem art concept, layouts, story boards, models, memórias, repertório de Glória Costa animadora e seu professor e amigo, o animador Mario Lantana, links de animação. Vai encontrar também ilustrações de Glória Costa. Curiosidades e muito mais!

segunda-feira, 28 de março de 2011

O que te define como profissional de ilustração ou animação?

Estive lendo alguns comentários  no Portal do Ilustrador de pessoas que se cadastraram lá. Um deles disse que "adora nossa profissão maravilhosa". Mas o que nos define como tal? Na hora de você preencher o imposto de renda qual o código que você coloca para te definir como profissional? Geralmente é um que tem uma descrição parecida com o que você faz. Algo semelhante e não específico.
Quando GLÓRIA COSTA começou a trabalhar com animação, vinha de um estágio no departamento de quadrinhos da Mauricio de Sousa. O pessoal da arte final do departamento de animação lhe falou, "vai pro sindicato!" e ela perguntou... e onde fica o sindicato dos animadores? "Ah, esse não tem, não é profissão reconhecida no Brasil, e o sindicato do cinema não reconhece a gente como profissional da área, porque a gente não é ator a gente desenha."
Pusta papo de cenarista, profissional especialista em cenários para animação... E ela abservou a situação. Novata, desenhista... Acabara de descobrir que se fazia desenho animado no Brasil havia dois dias! e tinha acabado de ouvir que ia trabalhar com uma profissão que não existia... Foi muito promissor, diria até que foi ANIMADOR!
Ela quiz saber então onde se encaixava nos sindicatos e falaram para ir no sindicato dos copistas, artefinalistas e desenhistas técnicos...
Essas profissões não existem mais e mesmo naquele tempo ela não ficou sabendo muito a respeito do que tais profissionais faziam, mas eram ligados a indústria, engenharia e arquitetura. Com o surgimento do xerox os copistas desapareceram! Depois os trabalhos com bico de pena ficaram mais no campo artístico.
E no entanto a profissão de animador, que era decididamente de dedicação e estudo do movimento para ilustrar e dar ilusão de vida no papel... Que depois era filetado ou xerocado, para ser colorido no acetato... era totalmente especializado, com materiais importados, com livros importados. No entanto não havia uma escola reconhecida pelo governo para que o interessado fosse lá aprender e poder dizer... "fiz o curso técnico de animação em tal escola"..."fiz o curso de animação na faculdade tal!" Só se aprendia animação dentro de um estúdio então. Sem direito a um certificado, mas aprendendo ao lado de um profissional, você recebia um salário, tinha registro em carteira e 13o. salário e férias. Bom! Registrada num sindicato que não fazia ideia qual era a sua função artística, com um trabalho tão especializado que bem merecia poder estudar numa escola para se aprimorar... lá estava Glória fazendo um trabalho incrível e... "marginal".
Antes de estagiar nos quadrinhos da Mauricio de Sousa Produções e de sair do colegial ela foi pesquisar a faculdade que queria entrar, a Belas Artes ao lado da Pinacoteca. Lá haviam os cursos de Baixareis de pintura, artes plasticas e mais um outro, o quarto baixarelado incluia todas as 3 categorias e dava o direito de dar aula para escolas primárias e até secundárias, caso fizesse doutorado e mestrado. E havia Cinema...
Não havia curso formal tecnico profissionalizante e nem superior específico para ilustrador e animador em 1980. Mas havia desenho tecnico no segundo grau, que levava para a arquitetura e engenharia. Surgiram cursos modestos que não formavam profissionais e os que entraram no mercado vindos desses cursos, tiveram que reaprender tudo.
Hoje temos uma faculdade no Rio grande do Sul com esperimentos de animação, com um grupo que se dispoz a descobrir a animação, o GEA FURG.
Enfim, a realidade dos cursos de ilustradores e o mercado são duas coisas distantes e mesmo que alguem faça uma faculdade e se torne um artista plástico, ele também não tem uma profissão regulamentada pelo governo. Ele pode produzir aquarelas, quadros, esculturas e vender, pagar seus impostos, mas aos olhos do governo ele não tem uma profissão! É um bico de luxo. Quem está ganhando dinheiro parabéns! Não fique doente. Se ficar, recupere-se antes de suas verbas acabarem.
Ainda assim entendo que o trabalho e o talento define o animador ou ilustrador e a especialidade dele o torna único. Mas não somos definidos por lei... Nosso talento e profissionalismo não está regulamentado perante a lei do nosso país.
Sei que há associações lutando por essa regulamentação, pelo direito autoral... e eu pergunto, o que é preciso para definir cada profissão dentro do termo "ilustrador" ou do termo "animador"? Respostas positivas e construtivas são benvindas, assim poderemos compor regras e normas para legalizar nossa profissão. Cada uma. Uma amiga do portal me falou que tem o sonho de quando se aposentar faze-lo como ilustradora. Também quero.


Glória Costa é Animadora Clássica (1980) e Ilustradora (1993)