Saiba como o Desenho Animado começou no Brasil:

Bem vindu!
Aqui você fica sabendo como é feito um desenho animado tradicional (2D), suas etapas e sua evolução. Algumas biografias resumidas do pessoal da
animação. Aqui tem art concept, layouts, story boards, models, memórias, repertório de Glória Costa animadora e seu professor e amigo, o animador Mario Lantana, links de animação. Vai encontrar também ilustrações de Glória Costa. Curiosidades e muito mais!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma Arte Exigente

Glória  estava no Departamento dos Quadrinhos da Mauricio de Sousa fazia mais de um ano e só passavam para ela os passatempos para fazer. Era uma tarefa onde, por conta própria tinha que criar os joguinhos e desenhá-los. Fazia vários e muitos acabavam sendo deixados de lado e uns poucos era arte-finalizados e publicados nas revistinhas da Turma da Mônica. Haviam mais dois estagiários que haviam começado com ela, Marinho e Marião. 
Os tres treinando e sem publicar nada. Ainda que estivesse criando todo o layout da página,  para Glória estava faltando algo, aquilo não era o que queria fazer. Queria algo mais!  

De volta do almoço, de volta aos passatempos, de repente o Maurício entra e pede a atenção de todos. Ele vinha com mais algumas pessoas do departamento de merchandising. Eles se espalharam e começou uma reunião. E a notícia que nos foi passada era que o Maurício assinara contrato com a Embrafilme para fazer filmes de animação! E ele começou a explicar que no começo do ano seguinte estaríamos em plena produção para entregar um longa metragem de animação clássica até o final do ano para ser posto nos cinemas para o Natal.


Após todas as explicações, a estagiária Glória, que nem fazia ideia que no Brasil se faziam desenhos animados, mas que era a sua paixão por ter vistos os filmes da Disney e as matinês com Tom e Jerry, levantou a mão para perguntar.
- Estagiários podem participar desse trabalho?
Todos a olharam com expressões surpresas.

Mas surpreendente mesmo foi descobrir que não havia mulheres no mercado de animação na época. Uma delas que viera antes, a Geni, casara e deixara a profissão. 

Depois foi a descoberta da animação em si. Na época era tudo artesanal e todos precisavam ter uma criatividade e capacidade de improviso para solucionar efeitos da forma mais inusitada. As letras animadas eram filetadas e o filetista tinha que ser muito bom. Para ser animador ou mesmo assistente de animação era preciso treino e muita observação. ser capaz de se integrar na equipe e fazer o mesmo personagem do "model sheet" era imprescindível. Capacidade de desenhar o movimento, ter noção de tempo e tudo era feito à mão. Primeiramente no papel e depois filetava-se cada folha de papel transferindo para um acetato. 
depois do filete as cores produzidas no próprio estúdio com tinta de parede de boa qualidade e com corantes dosados por um dos integrantes da equipe de arte final. Cenários eram pintados em papel Fabriano ou Schoeller. 
Equipe grande prazos curtos muito trabalho e muita criatividade para tudo sair  no prazo.. ou quase! As produções eram intensas e sempre se varava noite para entregar no prazo estabelecido, às vezes faltavam 2 horas para entrar no ar e a película chegava do laboratório para checagem para ver se tudo saíra de acordo com o planejado nos storyboards e se as falas coincidiam com os lábios dos personagens. 
Se houvesse um erro sequer, outra filmagem era feita. E outra revelação na Kodak e... enquanto isso corriam levar o filme imperfeito para cumprir o prazo de entrega com a promessa de voltar dali 24 horas com outro rolo corrigido. E outra noite insone até a correção ficar pronta e ser entregue o novo rolo de filme 35mm.

domingo, 31 de março de 2013

Concept Art ou Arte Conceitual

Tablozinho
Na criação de um personagem para desenho animado ou para um cliente que vai divulgar seu site, antes da aprovação do layout, antigamente era feito uma reunião com esse cliente e formulado um brieffing. Ainda se faz, mas não é imprescindível se ele já te conhece. Se o brieffing é recebido por email, como agora é mais comum, a questão permanece. 
Apresentar várias possibilidades de layout. Como estou falando em termos do que ocorre aqui no Brasil, Só posso falar do que sei como acontece.Na criação dentro do desenho animado todos os animadores se reúnem para apresentar esboços, ou como também chamamos: "roughs". Isso é herança da Disney, usar expressões em ingles para animação. Para mim são "rafs" mesmo, ou como prefiro: ESBOÇOS! 



   Estudo de uma familia de personagens para um seriado de animação que seria proposto pelos Estúdios Mega em São Paulo em 2002.




esboço das pessoas que representam uma parte da população paulista
Estes... rougs foram feitos por Glória para um concurso dos correios para o aniversário de 50 anos, pena não ter feito um xerox colorido da arte em papel fabriano para podermos ter agora uma comparação. Não foi premiado mas fica o registro!










Versão de Pinocchio em Stop Motion


Guillermo Del Toro será responsável pela produção de Pinocchio, que dará vida ao conto numa animação em stop-motion e 3D também. Esta será a primeira animação sem viés infantil baseado no clássico personagem de madeira criado pelo italiano Carlo Collodi
O projeto que era pra ser realizado no ano de 2006, na época, foi adiado por conta do diretor ter abandonado o projeto para realização do filme O Labirinto do Fauno.
Já foram contratados para o longa Mark Gustafson (O Fantástico Sr. Raposo) e Gris Grimly (ilustrador de livros com temática sombria, como The Legend of Sleepy Hollow). Os elementos em 3D serão feitos pela empresa inglesa MacKinnon e Saunders, que foi a responsável por notáveis trabalhos em O Fantástico Sr. Raposo e A Noiva Cadáver. A produção musical será de Nick Cave. A adaptação do roteiro ficou por conta de Del Toro, que já garantiu que será  fiel ao original, o que remete ao tema mais “sombrio” que envolve  todos os contos de fadas originais. Guillermo Del Toro pretende co-dirigir com Mark Gustafson.

A nota que obtive é que ele pretende lançar o filme em 2014, mas já pesquei umas imagens neste link do "first look" (http://collider.com/guillermo-del-toro-pinocchio-images/)





Veja as palavras do próprio Del Toro:
 “Todo conto de fadas e todas as narrativas infantis têm que ter elementos sombrios, algo que os Irmãos Grimm, Hans Christian Anderson e Walt Disney entendiam. A maioria de nós tendemos a chamar muitas coisas de “disneyficadas”, mas muitas pessoas se esquecem o quão perturbadoras são as melhores animações da Disney, inclusive as crianças que são transformadas em burros no filme Pinocchio. O que estamos tentando fazer é apresentar um Pinocchio que é mais fiel àquilo que o Collodi escreveu. A Fada Azul é na realidade o espírito de uma garota morta. Pinocchio tem estranhos momentos de sonhos lúcidos que são quase alucinações. A baleia que engole Pinocchio é na verdade um cação gigante, o que permite uma escala e design mais clássicos. Ele é um dos personagens cuja pureza permite sobreviver nesse cenário sombrio de ladrões e vândalos, emergindo da escuridão com sua alma intacta.” 
Extraído do link: http://www.artilhariacultural.com/2011/03/15/nova-versao-de-pinoquio-sera-mais-sombria-e-fiel-ao-original/

















Desde que Len Lie criou o primeiro filme em Stop Motion, o famoso "The Peanut Vendor" que esta forma de animação foi produzida ocasionalmente e nos últimos anos vem se destacando no Brasil. Não podemos esquecer do Cristal encantado que foi todo executado com animatronics, bonecos articulados com esqueleto metálico para produzirem movimentos requintados.


Criação, Concept Art

  Hoje quero falar de criação de personagens o Tablozinho foi um personagem para uma empresa de pesquisas, eles queriam um personagem que não fosse um ser humano ou animal humanizado. Então durante os diálogos com a minha cliente  dei várias sugestões e chegamos à conclusão de que um bloco de papel humanizado seria o ideal para representar a empresa.  Aprovado o layout, dei andamento na produção das  poses da série "satisfação"  e "reprovação" para expressar as escolhas das  pessoas que respondessem uma enquete. 
escala de aprovação de uma pesquisa com o personagem Tablozinho


   A Festeira foi uma encomenda de uma cliente amiga que adora dar festas e é pianista. Ela pretendia abrir um bufet de festas. Seu objetivo era estampar as camisetas das ajudantes para que as pessoas numa festa pudessem encontrá-las no meio da festa e resolver qualquer coisa como repor bebidas ou salgados.


   Estes dois personagens foram criados para um manual da Kodak para treinamento dos funcionários que lidavam com a revelação das películas dos filmes. O rolinho de filme dava os alertas para que fossem lembradas as partes impostantes do treinamento. O garotão malhador era o expert em revelação, temperatura das cores, dosagens de produtos químicos e tudo o que o funcionário precisava aprender para se tornar um técnico nos laboratórios da Kodak.


segunda-feira, 28 de março de 2011

O que te define como profissional de ilustração ou animação?

Estive lendo alguns comentários  no Portal do Ilustrador de pessoas que se cadastraram lá. Um deles disse que "adora nossa profissão maravilhosa". Mas o que nos define como tal? Na hora de você preencher o imposto de renda qual o código que você coloca para te definir como profissional? Geralmente é um que tem uma descrição parecida com o que você faz. Algo semelhante e não específico.
Quando GLÓRIA COSTA começou a trabalhar com animação, vinha de um estágio no departamento de quadrinhos da Mauricio de Sousa. O pessoal da arte final do departamento de animação lhe falou, "vai pro sindicato!" e ela perguntou... e onde fica o sindicato dos animadores? "Ah, esse não tem, não é profissão reconhecida no Brasil, e o sindicato do cinema não reconhece a gente como profissional da área, porque a gente não é ator a gente desenha."
Pusta papo de cenarista, profissional especialista em cenários para animação... E ela abservou a situação. Novata, desenhista... Acabara de descobrir que se fazia desenho animado no Brasil havia dois dias! e tinha acabado de ouvir que ia trabalhar com uma profissão que não existia... Foi muito promissor, diria até que foi ANIMADOR!
Ela quiz saber então onde se encaixava nos sindicatos e falaram para ir no sindicato dos copistas, artefinalistas e desenhistas técnicos...
Essas profissões não existem mais e mesmo naquele tempo ela não ficou sabendo muito a respeito do que tais profissionais faziam, mas eram ligados a indústria, engenharia e arquitetura. Com o surgimento do xerox os copistas desapareceram! Depois os trabalhos com bico de pena ficaram mais no campo artístico.
E no entanto a profissão de animador, que era decididamente de dedicação e estudo do movimento para ilustrar e dar ilusão de vida no papel... Que depois era filetado ou xerocado, para ser colorido no acetato... era totalmente especializado, com materiais importados, com livros importados. No entanto não havia uma escola reconhecida pelo governo para que o interessado fosse lá aprender e poder dizer... "fiz o curso técnico de animação em tal escola"..."fiz o curso de animação na faculdade tal!" Só se aprendia animação dentro de um estúdio então. Sem direito a um certificado, mas aprendendo ao lado de um profissional, você recebia um salário, tinha registro em carteira e 13o. salário e férias. Bom! Registrada num sindicato que não fazia ideia qual era a sua função artística, com um trabalho tão especializado que bem merecia poder estudar numa escola para se aprimorar... lá estava Glória fazendo um trabalho incrível e... "marginal".
Antes de estagiar nos quadrinhos da Mauricio de Sousa Produções e de sair do colegial ela foi pesquisar a faculdade que queria entrar, a Belas Artes ao lado da Pinacoteca. Lá haviam os cursos de Baixareis de pintura, artes plasticas e mais um outro, o quarto baixarelado incluia todas as 3 categorias e dava o direito de dar aula para escolas primárias e até secundárias, caso fizesse doutorado e mestrado. E havia Cinema...
Não havia curso formal tecnico profissionalizante e nem superior específico para ilustrador e animador em 1980. Mas havia desenho tecnico no segundo grau, que levava para a arquitetura e engenharia. Surgiram cursos modestos que não formavam profissionais e os que entraram no mercado vindos desses cursos, tiveram que reaprender tudo.
Hoje temos uma faculdade no Rio grande do Sul com esperimentos de animação, com um grupo que se dispoz a descobrir a animação, o GEA FURG.
Enfim, a realidade dos cursos de ilustradores e o mercado são duas coisas distantes e mesmo que alguem faça uma faculdade e se torne um artista plástico, ele também não tem uma profissão regulamentada pelo governo. Ele pode produzir aquarelas, quadros, esculturas e vender, pagar seus impostos, mas aos olhos do governo ele não tem uma profissão! É um bico de luxo. Quem está ganhando dinheiro parabéns! Não fique doente. Se ficar, recupere-se antes de suas verbas acabarem.
Ainda assim entendo que o trabalho e o talento define o animador ou ilustrador e a especialidade dele o torna único. Mas não somos definidos por lei... Nosso talento e profissionalismo não está regulamentado perante a lei do nosso país.
Sei que há associações lutando por essa regulamentação, pelo direito autoral... e eu pergunto, o que é preciso para definir cada profissão dentro do termo "ilustrador" ou do termo "animador"? Respostas positivas e construtivas são benvindas, assim poderemos compor regras e normas para legalizar nossa profissão. Cada uma. Uma amiga do portal me falou que tem o sonho de quando se aposentar faze-lo como ilustradora. Também quero.


Glória Costa é Animadora Clássica (1980) e Ilustradora (1993)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Concept de Story Board por Glória Costa

Enquanto estava na Start Filmes, estúdio de animação que hoje é conhecido por Start Anima, Glória chegou a planejar uma sequencia dentro do longa metragem O Grilo Feliz (1). Mas esse Storyboard ficou com o estúdio. Fica a menção do acontecido apenas.

Mas mesmo lá dentro outros storyboards foram realizados e o desenvolvimento de alguns era muitas vezes apenas um concept discutido entre o diretor do Estúdio, Walbercy e a animadora Glória. Exemplo disso tem o comercial do ETAPA.  

Deste comercial resultou num trabalho de animação que se pode apreciar no Youtube numa coletânea de vários outros executados para o Cursinho ETAPA pelo mesmo estúdio.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Produtoras brasileiras fazem sucesso com animações - Estadão

AE - Agência Estado
Há menos de quatro anos, não havia nenhuma animação nacional na grade dos canais infantis das TVs por assinatura e aberta. Hoje, pelo menos quatro produções brigam em iguais condições pela atenção das crianças entre 3 e 7 anos no Brasil. O que mudou? A forma como as empresas de animação passaram a captar recursos e o interesse do governo em financiar ou beneficiar esses projetos em leis de incentivos fiscais. Segundo os produtores nacionais, não adianta produzir apenas para o Brasil. É preciso fazer animação visando o mercado mundial.
Divulgação
Maior sucesso é o desenho 'Peixonauta' - Andrés Lieban
O resultado é que desenhos como Meu Amigãozão, Peixonauta, Escola Pra Cachorro e Princesas do Mar, além do já tradicional Cocoricó, da TV Cultura, são programas tão íntimos das crianças quanto os gringos Backyardigans, Barney e Vila Sésamo. Andrés Lieban, um dos criadores da série Meu Amigãozão, que passa no canal Discovery Kids, conta que o Brasil se manteve fora do mercado até então por não ter a capacidade de produzir desenhos na velocidade e com preços que fossem acessíveis no mercado internacional. "A animação teve prioridade para o governo porque a possibilidade de retorno financeiro é maior", diz Lieban. "Criamos uma série que fala de assuntos universais, como amizade, por exemplo. Depois de dublado, a criança nem percebe de onde vem a animação e por isso é mais fácil vendê-la".
Meu AmigãoZão
Para produzir Meu Amigãozão, a produtora de Lieban, a 2Dlab, foi levantar recursos com a produtora Breakthrough Animation, do Canadá, que coproduz a série e divide os custos pela metade. A empresa brasileira, foi autorizada pelo Ministério da Cultura a captar no Brasil quase R$ 12 milhões, utilizando leis de incentivo. "Tentamos fazer uma animação sem referências internacionais, como crianças jogando basebol".
Escola pra cachorro
Do Canadá, veio metade dos R$ 20 milhões investidos na produção de Escola Pra Cachorro, exibida no canal Nickelodeon e produzida pela Mixer. A outra metade foi bancada por leis de incentivo do Ministério da Cultura. "Acredito que exista um movimento no Brasil para a criação de animações nacionais", diz Tiago Mello, diretor executivo da área de infanto-juvenil da produtora. "Esse movimento começou há uns cinco anos, quando as produtoras passaram a procurar parceiros no exterior", destaca. Segundo a Nickelodeon, a animação foi responsável por aumentarem 67% a audiência do canal, de segunda à sexta, às 9h. No México e na Argentina, a audiência cresceu 32% e 131% respectivamente.
Princesas do Mar, exibida no Discovery Kids, também foi buscar parte dos recursos no exterior, algo em torno de R$ 10 milhões - a série custou R$ 23 milhões. "Conhecemos produtoras da Austrália e da Espanha, que nos auxiliam na série", diz Fábio Yabu, criador da animação. Hoje, o desenho, que fala sobre princesas que vivem no oceano e ensinam as crianças a escovar os dentes e tomar banho, entre outras, é exibido em 50 países.
Princesas do Mar na TV Cultura - Fábio Yabu
Mas o maior sucesso brasileiro do canal é o desenho Peixonauta. Segundo o Ibope, a animação foi a terceira mais vista no último trimestre de 2010, perdendo apenas para Mister Maker (que não é uma animação) e Mecanimais, ambas produções estrangeiras. Entre todas as atrações do Discovery, os brasileiros Princesas do Mar e Meu Amigãozão figuram entre os dez mais. Peixonauta conta a história de um peixinho que usa uma roupa de astronauta para descobrir a vida fora da água. A animação é exibida no Discovery Kids e também no exterior, em países como Tailândia, Israel, Egito e Iugoslávia. As informações são do Jornal da Tarde.  
Notícia do Estadão:  http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,produtoras-brasileiras-fazem-sucesso-com-animacoes,676688,0.htm
Princesas do mar: https://pandabooks.websiteseguro.com/livro/360/princesas-do-mar-o-monstro-do-fundo-do-mar.html