Saiba como o Desenho Animado começou no Brasil:

Bem vindu!
Aqui você fica sabendo como é feito um desenho animado tradicional (2D), suas etapas e sua evolução. Algumas biografias resumidas do pessoal da
animação. Aqui tem art concept, layouts, story boards, models, memórias, repertório de Glória Costa animadora e seu professor e amigo, o animador Mario Lantana, links de animação. Vai encontrar também ilustrações de Glória Costa. Curiosidades e muito mais!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Fragmentos de Glória

Layout para livro
Comercial Engov

Animação usando como referência rotoscopia de fotos e o brinquedo.

Tie Donw dos personagens Clair de Nile, Clawdeen, Draculaura
Paradidático FTD

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As Etapas de um Desenho Animado

Fantasmagorie animação de 1908
Depois que foi criado o cinema como o conhecemos hoje, as pessoas que eram ilustradores quiseram também usar essa forma de arte para dar vida ao que criavam. Assim foi criado o Fantasmagorie em 1908. Depois, com o advento do som os filmes tinham além de movimentos  a melodia, os sons e as falas. 
Toda uma tecnologia e experiência foi desenvolvida por pessoas que tinham uma mente criativa e, além de ter a arte no sangue, eram inventores. Mas o meu objetivo é descrever um processo que Disney desenvolveu na área de desenho animado. E esta se tornou a partir dele um setor especializado dentro do cinema.
Após fazer algumas animações de curta metragens que ficaram famosas como "animações espaguete", pois os braços e pernas dos personagens eram moles e ondulantes.  

Mas como se faz uma produção destas?

Quem começou a definir os passos necessários para executar uma produção de filme animado foi com certeza Roy e Walt Disney. 
Story Board
Para não perder a coerência das sequências de cena e poderem desenvolver todo o filme dando valor à narrativa e valorizando todas as ações que melhor contassem a história, manter o tempo planejado para a história, desenvolveram o story board. Assim não perdiam tempo animando cenas desnecessárias, nem lhes faltava tempo para a narrativa no final.

Nessa época os desenhos tinham apenas trilha sonora que os personagens marcavam o ritmo dançando, Depois dos curtas musicados os personagens desenhados começaram a falar nas telas de cinema. Então a execução do Story board ficou mais necessário e preciso. A ação era ensaiada na frente de um espelho com um cronômetro. Muitas vezes Disney contratou um ator para atuar para os seus animadores esboçarem o personagem. Ou iam a um bosque ou zoo filmar os animais ao vivo, também o levavam ao estúdio para estudar seu comportamento e anatomia.
Estudos de anatomia clássica desenvolveram os layouts para Branca de Neve, Pinocquio, Dumbo, Bambi e geraram as Silly Sinphonies, curtas com experiencias sobre o que se podia criar de efeitos para sugerir velocidade, ilusão de movimento real, tempos de ação. Iluminação na mesa de filmagem. 
Cell do encontro dos Anões com Branca de Neve dentro do quarto deles
Havia uma deficiencia de cores para pintar os cells e a textura das tintas  era frágil para aderir no acetato, tudo isso teve que ser desenvolvido por Walt que foi aos fabricantes de tinta e ao lado deles criou uma paleta de cores até então nunca usadas! Ele contribuiu para essa  renovação incentivando a pesquisa de novos corantes e uma tinta com textura que aderisse ao acetato sem craquelar ou descolar antes da filmagem.  

Normalmente a trilha sonora do filme é feita depois de elaborado o Story Board para marcar a ficha de som que facilitaria ao animador a execução da sua cena ou sequencia de cenas, para fazer o personagem dançar no compasso da música ou falar de acordo com a fonética marcada na ficha de animação.
Para fazer o filme da Branca de Neve não havia sido criado ainda a estrutura dos campos Multiplanos. Então se troncos de árvores estavam na frente do olhos, e no fundo haviam montanhas distantes, para criar a profundidade necessária, o tronco era feito num overlay recortado, cheio de detalhes de musgo e texturas da casca com um efeito de desfoque por pinceladas, na clareira os personagens agiam e ao fundo, atrás mais arvores e arbustos as montanhas também desfocadas mas presentes, quase se confundindo com o céu. 
Detalhe de uma Tabletop
 http://blog.animaticus.com/2008/01/27/history-revisited.aspx 
Na filmagem a câmera deslizava por duas colunas de aço por meio de manivelas que a posicionavam para o campo de filmagem. os holofotes eram acionados e ajustados com o fotometro para banharem o acetato sobre o cenário com o overlay da árvore em primeiro plano. A cada dois frames filmados os acetatos eram trocados e o abturador da câmera colhia dois novos frames.
Após a filmagem era retirado o rolo de filme 35mm da câmera e enviado para a revelação. Da revelação já era feita a mixagem da trilha  sonora com as imagens. 
Animê Spirited Away
Espirited Away foi todo animado da forma clássica e, quando vemos seu macking off, o seu criador Miyasaky fez toda a trilha sonora depois de realizada a filmagem das cenas, inclusive as locuções com sons incidentais e diálogos. Os dubladores viam as cenas e reproduziam as falas nos tempos das cenas. como os dubladores que refazem diálogos para trocar a linguagem original de um filme estrangeiro.










terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ETAPA, dois Comerciais e uma Fase da Animação Clássica


Esta coleção de comerciais do ETAPA foi feita pelo Estúdio Start Filmes. Glória Costa cresceu assistindo esses comerciais na tv, numa época em que enchia cadernos com seus desenhos. Naquela época nem pensaria na possibilidade de animar um comercial desses. No entanto, depois de estagiar no departamento de Quadrinhos do Mauricio de Sousa e aprender animação com Mario Lantana, ela entrou na Start um tempo após sua morte.
Planejamento, Animação e Filmagem por: Glória
Lá evoluiu de intervaladora para animadora, no tempo em que trabalhou nesse estúdio planejou uma sequencia do primeiro filme do Grilo Feliz e sua turminha. Entre a produção desse longa metragem e os comerciais. Ela trabalhou na produção de dois desses comerciais presentes nessa coletânea.
Este comercial com a silhueta masculina correndo em fundo preto teve suas cenas planejadas  por Glória Costa na Start e ela animou e só teve intervalação na cena final onde o personagem rompe o vidro e corre em camera lenta.
Este trabalho foi pintado com dermatográfico branco em papel preto. Quando ele sai da escuridão e vai para o campo iluminado e verde tem pintura em acetato com contornos de dermatografico para dar o volume do corpo. Ela também acompanhou a filmagem na table top.

Rotoscopias de cenas ao vivo por Glória
Neste outro comercial do Cursinhos ETAPA um casal de guitarristas foi filmado ao vivo e os frames foram copiados em papel-foto e montamos o movimento, pondo folhas de layout por cima foi tirado o traço de cada frame.  
Essa rotoscopia foi pintada em acetato e as cores do filme ao vivo não tem nada a ver com a filmagem. Depois esse mesmo guitarrista foi reaproveitado para compor parte de uma cena de um comercial da Sharp, ela então foi trabalhada de outra forma. 
Neste comercial do ETAPA, a rotoscopia do guitarrista ficou a cargo de Glória Costa.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Brasil Animado em 3D é Criação Brasileira!

Este filme é a mais nova criação de Mariana Caltabiano.  Feito no Brasil e por profissionais brasileiros, é o nosso primeiro longa metragem com captação de imagens em terceira dimensão, ou 3D. E vai ser exibido em telas próprias para esse tipo de filme no começo de 2011. Tem cenas ao vivo e os personagens interagem nas cenas, outras são totalmente  feitas com cenários desenhados, animação limitada feitos da forma tradicional: numa mesa de luz, com papel e lápis, mas com finalização no computador. 
Glória foi convidada para a  pré-estreia do Brasil Animado e na volta resultou estas palavras. O filme Brasil Animado tem um humor leve e gostoso, foi fácil identificar os paulistas no "Stress" e todos os brasileiros no "Relax" muito boa sacada! Ele tem uma animação simples e fácil, uma narrativa fluída e todo o nosso Brasil na tela. É um trabalho redondinho. Na nossa medida para passar em qualquer lugar do mundo, não só aqui! A história mostra os personagens Stress e Relax viajando pelo nosso Brasil à procura de uma árvore que é um tesouro nacional. Enquanto Relax leva Stress para todo canto, nós viajamos juntos nessa aventura.  
Mariana Caltabiano teve um orçamento de 3 milhões para produzir esse filme viajando com 7 pessoas. Sua  maior preocupação era alguma comparação com o filme Avatar, porém esta produção tem outro perfil. A história não é uma ficção científica e o conteúdo é brejeiro, é  brasileiro! Possui narrativa clara, pitoresca pois mostra o que temos de mais bonito, as paisagens coloridas e o charme do nosso humor. 
Brasil Animado também está em formato de filmagem convencional, então este também passará para o público que não tem condições de pagar para ver em salas de 3D. Assim como o Gui e Estopa que foi veiculado  em lugares carentes, este filme também irá a lugares onde assistir um filme é coisa rara.
 

Essa cineasta estudou em N.Y., trabalhou em agências como a DM9 e a Talent, escreveu um livro infantil que deve ser delicioso de saborear se pudermos assaltar a geladeira da mãe dela, já que é lá que guarda a capa que criou com balas de verdade.
Cresceu apreciando as revistinhas de Mauricio de Sousa e hoje tem a sua própria produtora que está produzindo muito para a alegria de toda a garotada que assiste a Cartoon Network. Provavelmente deve ter  preenchido vários dos passatempos que Glória Costa criou para aquelas revistinhas.
Ela tem uma visão interessante e uma postura muito aberta para dispor sua obra tanto em salas de cinema para o público pagante, como também veicular para um público carente que não veria um filme sem  uma iniciativa como a sua. Isso significa que ela não está preocupada só com a renda do filme!  
Mariana deseja educar atravez de seus filmes e seriados, e penso que seu raciocínio está certo! O cinema encanta, o desenho animado envolve as criançada e até os adultos, é claro que uma mensagem bem colocada fica registrada no íntimo da criança!

Como Mariana, também acho que proibir comerciais animados por causa das crianças é um contra-senso. Regular a produção e o conteúdo de um comercial animado sim, determinar que as mensagens nesses comerciais animados devam respeitar o universo infantil e promover educação sim. Podemos criar o comercial que venda um produto e ainda  usá-lo para educar e orientar. 
As crianças continuam a ver tv e a assistir comerciais de filmes ao vivo, por acaso estes não têm suas mensagens absorvidas pela mente infantil? Os comerciais antigos tinham essa preocupação! Basta ver o filme dos "Cobertores Parayba", cujo jingle aconselha a criança a dormir sem que a mãe mande.

Muito bem Mariana! São empresários do seu porte e atitude que o Cinema Brasileiro precisa! Você e a equipe estão de parabéns por essa produção e por nos colocar na história! Vejo em você um valor muito grande para o mercado de animação! Você e sua produtora está fazendo animação para a Cartoon Network, criando para eles e isso é sinônimo de aquecimento do mercado da animação para o Brasil. Este longa tem a linguagem da Cartoon Network, então lá fora eles  vão aceitar. A animação é limitada, mas é atual. 
Uma hora você mesma vai querer fazer uma animação mais requintada como a clássica. Com oceanos e ondas mais animadas. E no nosso mercado esses profissionais de animação clássica estão dispersos. Você sabe escolher e contar a história, é isso que faz um filme tanto quanto a animação! 
 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

De uma Pílula ao Faber Castell

Hoje quero falar de dois comerciais de outro Estúdio, o Start Filmes, que hoje é conhecido como Start Anima. Na época em que este filme, o Faber Castell  - Aquarela, estava sendo feito, Glória Costa já era considerada animadora. Começara como assistente de Animação, mas lá os departamentos eram divididos e em salas diferentes. O departamento de animação reunia os animadores e os intervaladores ficavam agrupados em outra sala. O elo de dupla que ela fizera com o animador Lantana lá não havia. 
Se o intervalador recebia uma cena para intervalar, ele se deslocava para onde estava o autor da animação e tirava suas dúvidas e recebia instruções. O intervalador ainda trocava ideias com o animador. Se a cena era complexa, ou tinha muitos personagens, ia parar nas mãos do intervalador mais capacitado e pegar cenas fáceis era só para ocasiões em que haviam várias e os principiantes estavam ocupados... E Glória fora contratada para resolver as cenas complicadas de intervalar. 

Seu trabalho foi recompensado quando entrou um comercial muito simples e no entanto com uma certa dificuldade. Era apenas uma esfera como o conhecido smile que representava uma pessoa que se divertia numa festa, bebia, ficava alegre e acabava bêbada e por fim nauseada e com ressaca, por fim ela melhorava e sua carinha fundia com o comprimido Engov. Um personagem assim sem detalhes, sem braços ou pernas para enfatizar a expressão é geralmente o que assombra um animador, porque necessita de uma boa solução para comunicar e o espectador entender... E este "smile" nem sequer falava para facilitar a situação!
Os animadores começaram a conversar entre si e empurrar um para o outro esse comercialzinho. Um dos animadores que ficava na sala da Glória tocou no assunto e ela na hora disse que o faria tranquilamente. O animador Alex se dispoz a falar com Walbercy, o dono do estúdio. E esta foi sua primeira oportunidade para animar e decidir toda a cena. Ela calculou de acordo com os compassos da música, com vira o Lantana fazer muita vezes. 
"- Lantana, como você marca os compassos da música para saber onde colocar as pontas da animação para o personagem dançar sem sair do ritmo? - eles estavam fazendo o comercial da maionese Rosê e a turma da Mônica dançava.
- Glória, quando a ficha vem para nós, ela mostra os compassos da canção onde estão as notas tônicas e as átonas. - e ele marcava o compasso com a mão e solfejava algumas notas musicais. - Preste atenção na minha mão, em cada 'ta' tem uma nota tônica, enquanto desloco minha mão o compasso  acontece... ta, ta, ta, ta-ta... ta, ta, ta, ta-ta... olhe na ficha. - e ele marcava as notas onde estavam."
BAR SHEET -  ENGOV
Agora com um bar sheet* do Engov nas mãos, ela agradeceu em silencio seu maestro animador e seguiu a marcação de sua ficha de animação ouvindo a trilha.  Assim o comprimido Engov foi animado, pintado e filmado.
- Agora falta o cliente aprovar.- disse Walbercy.
Nada mais foi dito por ninguém que assistiu o comercial do Engov depois de revelado e mixado com som. No dia seguinte o cliente estava lá para assistir. Walbercy saiu por alguma razão e deixou o rapaz que cuidava da filmagem repetindo a película para o cliente. Ele entrou na sala em que Glória estava e, de repente o cliente entra na sala procurando o Walbercy empolgado:
- Está ótimo nem eu pensava que pudesse ficar assim! Está muito bom! - e ambos saíram para tratar dos assuntos ligados ao filme.
Então a partir deste dia Glória passou a ser oficialmente uma animadora.

Mas o comercial da Faber Castell quando entrou na Start foi uma polvorosa. Cada um queria uma cena para animar. Ele devia ser desenhado com estilo infantil e na hora de resolver a criação do gato todos os animadores fizeram um esboço e o apresentaram... para ser reprovado. O filho de Walbercy acabou fazendo em casa para o pai o layout que foi animado pelo estúdio. 
A técnica usada para artefinalisar esse filme foi pintar pela frente do acetato com látex branco deixando a textura bem lisa e uniforme e depois foi colorido por cima com guache para dar a impressão de aquarela. Todo o Estúdio se empenhou numa parte desse filme e todos os animadores, intervaladores e artefinalistas tiveram que se esmerar para ele acontecer. 
As canetas, lápis, potinhos de guache foram todos fotografados, as fotos reveladas, recortadas e montadas em acetatos para se movimentarem sobre a animação e parecer que riscavam e pintavam. Até a secretária foi posta para recortar fotos de tantas que os animadores precisavam montar. Hoje faríamos esse comercial com a ajuda do computador, escaneando os lápiz ou fotografando e jogando as fotos dentro da cpu para resolver as cenas.



*bar sheet: ficha de som para marcar os tempos entre a ação e o som da locução e/ou música, ela geralmente servia para fazer o story board** para apresentar ao cliente. 

**story board: marcação das cenas para narrar a história de um filme animado. Define-se nele os cortes de cenas, zoom, enquadrações e tempo da ação.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Durante as Últimas Eleições

Se há uma coisa que Glória Costa detesta é política! Não é porque não entenda, entende o suficiente para saber que estão fazendo mais pelos egos deles que pelo povo. O raciocínio deles está passando pelas próprias preferencias para chegar no trabalho em prol do país... E o fogo cruzado de propaganda e propósitos vinha de todos os lados... E os amigos também enchiam sua caixa postal de comentários. 
Mas, a notícia que mais incomodou foi a de que os humoristas deviam evitar de fazer alusões a políticos, mesmo depois de passarmos pela vergonha de saber de dinheiro em cuecas... enfim! Esse assunto é só para dizer que Glória fez uma charge, uma de suas raras piadas sobre o assunto do dia, daquele dia do boicote ao humor. Não se falava outra coisa e aquilo podia gerar censura em todos os setores das artes. Teatro, televisão, tiras de jornal, charges... Imaginem o Aroeira sem poder caricaturar esses políticos por causa de uma lei?! Então ela fez a sua modesta contribuição para o mundo das charges.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Como empacotar a Mônica num filme

Esse trecho do longa metragem As Aventuras da Turma da Mônica, onde a Mônica é "empacotada", foi animada quase que exclusivamente por Mário Lantana e intervalada por sua assistente Glória Costa. A parte que ele pegou para animar tem a Mônica dentro da caixa. 
A dificuldade dessas cenas era simplesmente a Mônica estar dentro de um cubo que o Cebolinha tinha que proteger e salvar, tanto a si como a dentuça que estava paralizada. E durante o movimento, a única vez que o cubo se deformava, é no início onde ela é envolvida pelo raio e depois o pacote cai no chão perto do Cebolinha.
Fizeram a cabeça da Mônica de massa e encaixaram num cubo nas proporções dela, e o Lantana assumiu a execução dessa animação. Toda a sequência em que o Cebolinha corre com a caixa, cai no abismo e essa caixa flutua  dentro da nave de fuga, foi feita pelo meu animador favorito.
Mas todos já sabiam que o Lantana nem precisaria disso para realizar seu trabalho. Mesmo assim, deixaram a maquete com ele, que se poz a desenhar e cantarolar suas óperas. Ele ia concluindo as cenas e entregando para sua assistente Glória, que ia intervalando e apresentando a ele para correção e aprovação. 
O trecho em que o Cebolinha cai de um precipício... e a caixa gira no ar, hoje tal movimento poderia ser feito no computador criando a caixa em 3D, mas naquela época não havia essa tecnologia à disposição das pessoas nem nos Estados Unidos. Só os militares trabalhavam com o IBM e este não fazia artes, só cálculos. Qualquer animador poderia até mandar filmar a caixa em todos os ângulos e movimentos para depois fazer a rotoscopia*... porém aqui isso não aconteceu! Apenas por falta de tempo hábil para executar o trabalho.
Vocês que cresceram se lembrando de ter assistido o longa e hoje até podem estar num estúdio treinando ou mesmo animando, sabem que temos já a anos uma forma de fazer um line-test** que é o preview da animação. Sabem que assim todas as imperfeições podem ser corrigidas antes de finalizar e compor o movimento com cenário e som. Mas o Lantana e a Glória não fizeram nenhum preview de suas cenas. Como disse em um artigo anterior, não dava tempo para fazer tal teste!


*rotoscopia: é a técnica de pegar uma cena filmada ao vivo, ou uma sequência de fotos sugerindo a ação, transferir os contornos para o papel e a partir dessa cópia fazer a animação clássica. Uma cena pode ser interpretada, por um ator que faz o movimento e sobre o corpo dele sobrepõe-se o personagem. Respeita-se apenas o movimento. No caso de uma maquete filmada, reproduz-se a forma e damos a cor daquele elemento da cena.

**line test: é uma filmagem prévia com uma webcam do traço a lápiz dos layouts da cena de acordo com a ficha para ver o movimento e conferir se é preciso mudar alguma coisa antes de escanear e pintar.